No princípio do Inverno, é a época das matanças do porco. É costume fazerem—se: os chouriços, as chouriças, as alheiras, etc. Em tempos transatos também se realizava a cozedura do pão centeio no apelidado "forno do povo".

Chourico

Os chouriços

São feitos com carne de porco cozida, a água dos ossos da assoã, carne de sorça, pão, abóbora, farinha ... Comem-se cozidos com batatas e hortaliças. É dotado de uma consistência mole, devido ao escaldão a que é submetido. É utilizada uma parte grossa da tripa, o que confere ao seu invólucro uma cor acinzentada clara.

É confeccionado com sangue de porco fresco, gorduras picadas, alho, cominhos, pimentão, sal e pimenta. Por vezes, é usado como complemento do cozido à portuguesa, sendo também cozido para esse efeito.


Chouricas

As chouriças

Escolhem-se as melhores carnes do porco- pá e lombo -,que são cortadas de forma graúda para não desfazer o chouriço ao cortar. Temperam-se com colorau, pimenta picante, alho esmagado e sal. As pimentas brancas nunca se utilizam, só as vermelhas. Os chouriços ficam de um dia para o outro neste tempero e mexem-se as carnes. Para ver se o tempero está correcto, retiram-se alguns rojões para a frigideira, os rojões de sorça e, se for necessário, deita-se mais sal ou mais pimenta. Se assim acontecer, mexem-se as carnes outra vez.

As carnes são cheias com os cornijos, uma espécie de funil do diâmetro das tripas. Devem utilizar-se as próprias tripas do porco, depois de bem lavadas, para os chouriços ficarem mais saborosos. Depois de cheios vão um mês para o fumo e depois, para se conservarem, cobrem-se, em recipiente tapado, com azeite ou óleo.

Existem três variedades: a chouriça dobrada, o chouriço dobrado, que é ligeiramente mais grosso, e o chouriço “cagueiro”, ainda bastante mais grosso. Estes dois últimos são comuns serem usados em dias celebrados como Natal, Páscoa, baptizados, casamentos, etc.


Alheiras

As alheiras

Em relação à alheira, na sua essência, é um produto inventado pelos judeus como artimanha para escaparem à Inquisição. Como a sua religião os impedia de comer carne de porco, eram facilmente identificáveis pelos seus perseguidores pelo facto de não fazerem nem formarem os habituais enchidos de porco.

Assim, substituíram a carne de porco por uma imensa variedade de carnes, que incluíam vitela, coelho, peru, pato galinha e por vezes perdiz, envolvidos por uma massa de pão que lhes conferia consistência.

A receita acabaria por se popularizar entre os cristãos, mas estes juntaram-lhe a omnipresente carne de porco. Geralmente são fritas em azeite e servidas com legumes cozidos.


Pao Centeio

O pão

Há quarenta anos, havia nesta freguesia quatro moinhos para moerem o centeio. Do centeio fazia-se a farinha com que se fazia o pão.

Para fazerem o pão, as mulheres, peneiravam a farinha, com uma peneira, para dentro da masseira. Deitavam-lhe água e sal e fermento e amassavam muito bem. O fermento não era industrial, como é hoje, era um pouco de massa que deixavam num alguidar de barro. Essa massa fermentava e servia de fermento. As vizinhas emprestavam o fermento umas às outras.

Quando punham a massa a levedar, punham-na num lençol de linho ou estopa que era usado só para esse fim, colocavam-na dentro de um cesto perto da lareira. Punham-lhe por cima uma peça de roupa de homem porque diziam que levedava mais depressa. Depois levavam-na para o forno onde já estava um homem a aquecê-lo com lenha de giesta, urze ou carvalho. Aí, punham a massa em cima do tendal (espécie de balcão ou mesa de trabalho) e cortavam-na em pequenas porções moldando os pães, bolos e bicas.

Entretanto, o homem ia varrendo o forno e ,seguidamente, metiam o pão ao forno. Quando o pão começasse a ficar tostado, metiam-se as bicas porque demoravam menos a cozer. Duas horas depois já havia pão quentinho. Tirava-se o pão do forno e, logo ali, se provava a bica com açúcar e azeite e, os adultos, bebiam um copo de vinho. O pão era cozido no forno do povo. Hoje o forno ainda existe mas , poucas pessoas cozem pão.